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 ARTEEPOESIA









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CONTOS E LENDAS

    portaPORTA NEGRA

No país de Mil e uma Noites havia um rei que era muito polêmico por causa de seus atos. Ele pegava os prisioneiros de guerra e levava-os para uma enorme sala.

 

 

 

   ESCREVENDO NA ROCHA


Dois grandes mercadores árabes, Amir e Farid eram muito amigos e sempre faziam suas viagens, para um mercado onde vendiam suas mercadorias, iam juntos, cada qual com sua caravana e empregados. Numa dessas viagens, ao passarem junto a um rio caudaloso, Farid resolveu banhar-se pois fazia muito calor. Em dado momento, distraindo-se, foi arrastado pela correnteza. Amir, vendo que seu grande amigo corria risco de vida, atirou-se nas águas e, inaudito esforço conseguiu salvá-lo. Após esse episódio, Farid chamou um de seus escravos e mandou que ele gravasse numa rocha a seguinte frase: Aqui, com risco de sua própria, Amir salvou seu amigo Farid. Ao retornarem, passaram pelo mesmo lugar, onde pararam para rápido repouso. Enquanto conversavam, tiveram uma pequena discussão e Amir, alterando-se, esbofeteou Farid. Este se aproximou das margens do rio e, com uma varinha, assim escreveu na areia: Aqui, por motivos fúteis, Amir esbofeteou seu amigo Farid. O escravo que fora encarregado de escrever na pedra o agradecimento de Farid perguntou-lhe:

_ Meu senhor, quando foste salvo, mandaste gravar aquele feito numa pedra e agora escreves na areia o agravo recebido. Por que assim o fazes?

            Farid respondeu:

            _ Os atos de bondade, de amor e de abnegação devem ser gravados na rocha, para que todos aqueles que tiverem oportunidade de tomar conhecimento deles procurem imitá-los. Ao contrário, porém, quando recebemos uma ofensa, devemos escrevê-la na areia, próximo às águas, para que desapareça, levada pela maré, a fim de que ninguém tome conhecimento dela e, acima de tudo, para que qualquer mágoa desapareça prontamente de nosso coração... 

  

QUE TIPO DE PESSOAS VIVEM NESTE LUGAR

PESSOAS

Conta-se uma lenda popular do Oriente Médio que um jovem chegou à beira de um oásis, próximo ao povoado, e, aproximando-se de um velho, perguntou-lhe:
__ Que tipo de pessoa vive neste lugar?
__ Que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem? __ perguntou, por sua vez, o ancião.
__ Oh! Um grupo de egoístas e malvados - replicou-lhe o rapaz. Estou satisfeito de haver saído de lá.
A isso o velho retrucou: __ A mesma coisa havera de encontrar aqui.
No mesmo dia, outro jovem se acercou do oásis para beber água e, vendo o ancião, perguntou-lhe:
__ Que tipo de pessoa vive por aqui?
O velho respondeu com a mesma pergunta:
__ Que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem? __ perguntou, por sua vez, o ancião.
__ O rapaz respondeu:
__ Um magnífico grupo de pessoas amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las.
__ O mesmo encontrará aqui - respondeu o ancião.
Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho:
__ Como é possível dar respostas tão diferentes à mesma pergunta?
O velho respondeu:
__ Cada um carrega no seu coração o meio em que vive. Aquele que nada encontrou nos lugares onde passou não poderá encontrar outra coisa aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui. Somos todos viajantes no tempo, e o futuro de cada um de nós está escrito no passado; ou seja, cada um encontra na vida exatamente aquilo que traz dentro de si. O ambiente, o presente e o futuro somos nós que criamos, e isso só depende de nós.
(Autor desconhecido/ Lenda árabe)

 

O DESTINO EM SUAS MÃOS

INSETO

Conta-se que certa vez um homem muito maldoso resolveu pregar uma peça em um mestre, famoso por sua sabedoria. Preparou-lhe uma armadilha infalível, como somente os maus podem conceber. Tomou um pássaro e o segurou entre as mãos, imaginando que iria até o idoso e experiente mestre, formulando a seguinte pergunta:
__ Mestre, o passarinho que trago nas mãos está vivo ou morto?
Naturalmente, se o mestre respondesse que estava vivo, ele o esmagaria com as mãos, mostrando o pequeno cadáver. Se a resposta fosse que o passaro estava morto, ele abriria as mãos, libertando-o e permitindo que vossse, ganhando alturas. Qualquer que fosse a resposta, ele incorreria em erro aos olhos de todos que assistiam à cena.
Assim pensou. Assim fez.
Quando vários discípulos se encontravam ao redor do venerando senhor, ele se aproximou e formulou a pergunta fatal. O sábio olhou profundamente o homem nos olhos. Parecia desejar examinar o mais escondido de sua alma, depois respondeu, calmo e seguro.
__ O destino deste pássaro, meu filho, está em suas mãos.

 

 

A BORBOLETA

BORBOLETAS

Um dia, uma pequena abertura apareceu em um casulo. Um homem sentou-se e observou a borboleta por várias horas, conforme ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco. Então, pareceu que ela paraou de fazer qualquer progresso. Parecia ela tinha ido mais longe do que podia e não conseguia acabar de romper o casulo. O homem decidiu ajudar a borboleta: pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta, então, saiu facilmente. Mas seu corpo era pequeno, estava murcho e suas asas amassadas. O homem continuou a observar a borboleta, porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo, que ia se afirmar a tempo. Mas nada aconteceu!
Na verdade, a borboleta passou o resto da sua vida rastejando com um corpo murcho e as asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não compreendia era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para passar através da pequena abertura eram a maneira que a natureza utilizava para fazer com o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, tornando-a pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo. Algumas vezes, é justamente do esforço que precisamos em nossa vida.


 

COLOCANDO PONTOS EM NOSSA VIDA

BAÚ

Um homem rico estava muito mal. Pediu papel e caneta e escreveu:"Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres."
Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro concorrentes.
1. O sobrinho fez a seguinte pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres.
2. A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:
Deixo meus bens à minha. Não ao meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres.
3. O alfaiate pediu a cópia do original. Puxou a brasa para a sardinha dele:
Deixo meus bens à minha irmã?Não! Ao meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres.
4. Aí chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Aos pobres.
Assim é a vida. Nós quem colocamos os pontos. E isso faz a diferença.

 

mãos

DESPRENDENDO DE IDEIAS NEGATIVAS

 

Um monge peregrino ia caminhando apressadamente pela estrada. Subitamente, apareceu, por entre os capins altos da beira da estrada, um homem de grande estatura.

_ Por favor, Senhor! _ ele disse ao monge, que se virou com ar meio distraído.

_ O que você quer?

_ Vi que o senhor é um monge e queria pedir-lhe um favor: salve-me desta vida de pecados que tenho levado. Sou um criminoso, um ladrão... Fui expulso de casa por meus pais. Como se estivesse afundado na lama, fui praticando crime após crime... Tenho medo do futuro que me espera e não sinto sossego nem por um instante... Salve-me, por favor! Livre-me deste sofrimento, desta angústia! Assim o homem, ajoelhando-se diante do monge. Após ouvir tudo em silêncio e com os olhos fitos no homem, o monge disse, de repente:

_Puxa, estou com muita sede! Será que não há alguma fonte por aqui?

Com expressão de surpresa por essa repentina pergunta, o outro respondeu:

_ O senhor está com sorte, pois há um poço velho logo ali. Não tem roldana nem balde, mas eu tive uma boa ideia . Tenho aqui uma corda e vou amarrá-la na sua cintura e descê-lo para dentro do poço. O senhor poderá tomar a água do poço até saciar. Quando terminar de tomar a água, dê-me o aviso, e eu o puxarei para cima.

O monge ficou muito contente e pediu-lhe que o descesse para o fundo do poço. Instantes depois, veio lá do fundo a voz do monge:

_ Pode puxar!

_ Está bem! – respondeu o outro. E deu um puxão na corda, empregando a sua grande força. Mas nada de o monge subir! Que coisa estranha, o peso era tão grande que até parecia haver um bloco de chumbo na extremidade da corda.

“Que esquisito!” pensou o homem e, esticando o pescoço pela borda, perscrutou a semi-escuridão do interior do poço para ver o que se passava lá no fundo. Qual não foi a sua surpresa, ao ver o monge firmemente agarrado a uma grande pedra que havia dentro do poço! Por um momento, o homem ficou mudo de espanto. Depois gritou, zangado:

_ Ei, que negócio é esse? Que diabo o senhor está fazendo aí? Pare com essa brincadeira boba! Já está escurecendo e logo será noite. Vamos, largue essa rocha imediatamente, para eu poder içá-lo.

O monge respondeu:

_ Calma rapaz! E escute bem o que vou lhe dizer: você é grande e forte, mas mesmo com toda essa força você não consegue me içar, se eu fico agarrado a esta rocha. Sabe, é exatamente isso o que está acontecendo dentro de você. Você se considera um criminoso, um ladrão, um filho pródigo e está firmemente agarrado a essas ideias. Desse jeito, mesmo que eu ou qualquer pessoa faça um esforço enorme para reerguê-lo, não vai adiantar nada! Tudo depende de você. É você quem resolve se vai continuar agarrado ou se vai se soltar. Se você quer se salvar, é só se desprender dessas ideias negativas que você vem mantendo. É muito simples. Desprenda-se, liberte-se. Assim você vai sair imediatamente para um mundo cheio de luz, vai conseguir a paz de espírito. No entanto, pensamentos ilusórios de todos os tipos tem projetado suas sombras neste mundo, lançando muitas pessoas na escuridão. Essa escuridão é o que chamamos de aflição, sofrimento e infelicidade. Mas é preciso compreender que escuridão ou treva significa apenas ausência de luz. Na verdade, a treva não tem existência real, por isso é só aparecer a luz e pronto: a treva desaparece. Some imediatamente, compreende? Pelo seu jeito, notei que, na realidade, você é um homem de bom coração. Além disso, é inteligente e dotado de grande força. Percebeu isso? Vejo que já compreendeu... Então está tudo bem. Agora pode içar-me, pois eu também já me desprendi desta rocha.

Uma vez fora do poço, o monge fitou o homem com os olhos cheios de bondade e seguiu seu caminho, deixando para atrás de si o homem que, finalmente, despertara para o bem.